22 de Julho, 2015

Diretora do SLU comenta desafios do DF

Entrevista do Correio Braziliense com a Diretora Geral do Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal

O jornal Correio Braziliense publicou nessa quarta-feira, 22 de julho, entrevista exclusiva com a Diretora Geral do Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal (SLU/DF), Kátia Campos. A autarquia recentemente se associou a Assemae. Confira: 

Brasília foi referência nacional no tratamento de lixo com a inauguração da Usina de Tratamento da Asa Sul, em 1963. A tecnologia dinamarquesa colocava a capital federal entre as mais evoluídas do mundo no setor. Hoje, a situação é inversa. A cidade abriga o maior lixão a céu aberto da América Latina e enfrenta grandes desafios para cumprir as metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em agosto de 2010.

Manter o DF livre dos sujões também não é fácil. Atualmente, 25% do orçamento é para custear apenas a varreção. Com dívidas de R$ 80 milhões, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) reconhece os problemas. “Estamos em débito. É humilhante a capital conviver com isso (lixão)”, define a diretora da autarquia, Kátia Campos. Além disso, a ausência de planos de saneamento e de tratamento de resíduos dificulta o trabalho.

Kátia é engenheira civil com especialização em engenharia sanitária e ambiental e mestre em desenvolvimento sustentável. Entre 1993 e 1996, atuou como superintendente de Limpeza Urbana de Belo Horizonte. Agora, convive com a cobrança de uma cidade mais asseada. “Reconheço que está sujo. Isso até o governador e o vice me ligam para dizer. Estamos trabalhando para melhorar”, afirma.

Mesmo assim, segundo ela, o balanço do primeiro semestre é positivo. “Foi difícil para o órgão sair do modo operacional e se tornar gestor de serviços. Aqui não é faculdade para ficar estudando, aqui é governo, e temos a obrigação de implementar políticas públicas. Se eu ficar aqui fazendo piloto, os quatro anos vão passar, e eu não vou ter feito nada”, explica.

Qual é o ponto crítico do SLU?
Temos de aperfeiçoar os nossos mecanismos de controle. Hoje, 100% dos serviços são terceirizados. Mas quem garante que eles estão sendo bem executados? A coleta é um ponto extremamente crítico. É impossível colocar fiscal para todos os varredores e caminhões. É preciso avançar nesse sentido. Os próximos contratos deverão ter um sistema de controle de qualidade bem mais criterioso do que os atuais.

No site do Correio, 81% dos internautas atribuíram a sujeira a cidade aos hábitos do brasiliense. Falta consciência ambiental?
Se o SLU fosse fantasticamente competente para fiscalizar, se a empresa coletora respeitasse os horários, se os equipamentos fossem os melhores, ainda assim se o cidadão não colaborar, a cidade ficaria suja. O papel das pessoas pesa em 80% na limpeza urbana. Porém, o SLU ainda possui algumas precariedades. Vivemos com hábitos inadequados quanto ao descarte dos resíduos. Isso se origina na nossa formação. Não temos a cultura de preservação, reutilização e primor pela higiene. Há registros históricos que mostram que, em 1815, por exemplo, era costume jogar lixo na rua. Naquela época, havia porcos nas praças e nas ruas e lixo por toda a parte, sem nenhuma preocupação com o ambiente.

A senhora propôs um aumento de 40% na taxa de limpeza pública (TLP). Por quê?
Se a população não tem ideia de quanto custa, ela não se preocupa. Se a taxa corresponder ao serviço prestado, as pessoas vão notar a importância de conservar a cidade limpa. Porém, enquanto for subsidiado, o cidadão não terá consciência do custo público. Hoje, o custo total ao cofre público é de R$ 214 milhões. A taxa de limpeza pública representa apenas R$ 130 milhões. O complemento sai de verbas que iriam para saúde, educação e segurança.

O lixão da Estrutural é o maior da América Latina. Isso mancha a imagem da capital federal?
Brasília ter um lixão é uma vergonha para o governo. É humilhante a capital conviver com isso. Mas é culpa também da população, que não se organiza e reivindica a desativação. Há muitos interesses nesse caso. Muita gente vai perder dinheiro com o fechamento. Lá, não se tem controle de nada. Vamos acabar com as atividades ilegais que funcionam lá. Essa história é de conhecimento até de organismos internacionais de regulação e proteção do meio ambiente.

Fonte: Correio Braziliense

Última modificação em Quarta, 22 Julho 2015 15:30
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