Quando o assunto são as fortes enchentes que assolam o Brasil durante o verão, a drenagem urbana torna-se ainda mais fundamental para assegurar a gestão sustentável das águas. Atenta a essa realidade, a 46ª Assembleia Nacional da Assemae debateu na terça-feira, 17 de maio, a necessidade de implementar planos estratégicos de prevenção a enchentes para evitar os desastres urbanos provocados pelas inundações. O evento acontece na Sociedade Cultura Artística (Scar) de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, com a participação de técnicos, gestores públicos, ambientalistas, pesquisadores e militantes do saneamento básico brasileiro.
De acordo com o palestrante Dante Gama Larentis, que possui doutorado em recursos hídricos e saneamento ambiental, a gestão de riscos a inundações envolve uma série de ações estruturais, como a construção de diques, bacias de detenção e canalização, além de medidas de melhor convívio com as cheias, incluindo o ordenamento territorial e o monitoramento meteorológico.
Segundo Larentis, a drenagem urbana brasileira ainda está na fase “higienista”, privilegiando obras de canalização com relação ao amortecimento de vazões. Para ele, é necessário elaborar uma política tarifária específica à drenagem urbana, fazendo com que esse setor tenha retorno financeiro e possa viabilizar o investimento em obras. “O Brasil precisa fortalecer a estruturação da drenagem urbana, com a capacitação de técnicos, a criação de departamentos sobre o tema nas prefeituras e o arranjo para a gestão compartilhada entre municípios”, afirmou.
O fundador do Instituto de Pesquisas e Estudos do município de Lassance (IPEL/MG), Idson Fernandes Brito, apresentou a experiência exitosa da cidade na prevenção a enchentes, que recebeu o prêmio da Agência Nacional de Águas (ANA) pelo projeto “Sustentabilidade com unidades de captação: melhor destino das águas pluviais”, em 2012. A iniciativa instalou fossas sépticas nas calçadas do município, que recolhem a água das enxurradas e favorecem o reabastecimento do lençol freático.
Conforme explicou Idson, as unidades de captação de água pluvial apresentam baixo custo de implantação e não precisam de manutenção. “Graças ao projeto, reduzimos o escoamento superficial das águas, combatemos a proliferação de doenças infectocontagiosas relacionadas aos períodos chuvosos e despertamos a população para a inovação tecnológica simples e barata”, completou.
A programação da 46ª Assembleia da Assemae segue até a quinta-feira, 19 de maio, com palestras, apresentações de trabalhos técnicos, visitas monitoradas e feira de tecnologias para o setor.