A água que se perde antes de chegar até seu destino final representa 36,7% de todo o montante produzido para o consumo no Brasil, conforme dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Isso significa que a cada ano são mais de seis bilhões de metros cúbicos de água desperdiçados, gerando impactos financeiros aos serviços de saneamento, além de uma série de danos ambientais. O tema foi debatido durante a 46ª Assembleia da Assemae, na quarta-feira, 18 de maio, em Jaraguá do Sul (SC), sob a coordenação do presidente da Assemae Regional do Rio Grande do Sul, Álvaro Alencar.
A água tratada escorre pelas redes de idade avançada e pelas oscilações de pressão nos dutos. Falta de hidrômetros, falhas na medição e ligações clandestinas também elevam o prejuízo. De acordo com o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), o Brasil tem como meta atingir, em 2033, o índice de perdas de água de 31%, utilizando medidas estruturantes (obras) e estruturais (aperfeiçoamento da gestão).
O representante do Pacto Global pela redução de perdas de água na distribuição, Mário Pino Neto, apresentou os objetivos da campanha “Menos perda, mais água”, que pretende incentivar a eficiência na distribuição de água até 2030, considerando o acesso universal à água no Brasil e as metas previstas pelo Plansab. “A ideia é prestar consultoria a cidades que criarem planos estratégicos para reduzir o desperdício de água tratada, incluindo a participação de empresas, entidades associativas, instituições públicas e organizações não governamentais”, afirmou.
Na sequência, o engenheiro civil Ivan de Carlos apresentou a experiência da Sanasa de Campinas (SP) no combate às perdas de água, que reduziu de 40% para 20% a porcentagem de água que não chega à população. Graças ao controle de perdas, a companhia economizou em 20 anos o montante de 770 milhões de reais e deixou de retirar dos reservatórios 400 milhões m³ de água. “Nosso programa desenvolve atividades como o mapeamento urbano das redes de abastecimento, a obtenção de indicadores de desempenho, macromedição, micromedição, controle de pressão e a readequação das redes e ligações de água”.
A gestão de perdas de água em Limoeiro do Norte (CE) foi colocada pelo superintendente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) do município e diretor nacional da Assemae, José Garcia Lima. Em 2007, o município desperdiçava 57,6% de toda a água produzida, mas atualmente esse índice representa apenas 12,99%. Segundo Garcia, o SAAE de Limoeiro vem conseguindo reduzir 6,35% de perdas a cada ano. “Isso só é possível por meio da capacitação dos profissionais, do investimento em novas tecnologias, da substituição de equipamentos obsoletos, e principalmente, pelo fortalecimento do diálogo com os cidadãos, estimulando a fiscalização de qualquer irregularidade”, completou.
A programação da 46ª Assembleia da Assemae segue até a quinta-feira, 19 de maio, com palestras, apresentações de trabalhos técnicos, visitas monitoradas e feira de tecnologias para o setor.