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11 de Mai, 2022

Mesa-redonda aponta desafios e benefícios no uso de indicadores de saneamento

Participantes demonstraram a importância de parâmetros e metas para a qualificação dos serviços

O uso de indicadores tem se mostrado fundamental no processo de gerenciamento e fiscalização de serviços de água e esgoto. É o que demonstraram os participantes da mesa de debates “Eficiência na prestação dos serviços de saneamento básico” na tarde desta quarta-feira (11) no 50º CNSA.

O encontro contou com a presença de Ernani Ciríaco de Miranda, coordenador de Água e Esgotos da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (Ana); Gustavo Arthur Mechlin Prado, coordenador de Relações Técnicas da Sanasa/Campinas (SP); e Roberta Mass dos Anjos, vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) e presidente da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan).

– Quando entrei na Casan, não havia indicadores para tomar decisões. Mas como gerenciar algo que não se conhece? Para conhecer, precisamos de dados. Só recentemente definimos os indicadores com os quais trabalhamos hoje - lembrou Roberta Mass dos Anjos.

Desde 2019, a Casan, em Santa Catarina, conta com indicadores próprios relativos a comitês hídrico-regulatório; de eficiência, sustentabilidade e inovação; financeiro; de recursos humanos; entre outros.

A partir da leitura dos dados coletados, Roberta conta que a empresa pôde investir esforços e recursos de modo seguro e assertivo. Algumas das ações concretas derivadas da análise dos números foi a revisão dos contratos da empresa, o que representou uma economia de R$ 56 milhões; e o rastreamento da frota de veículos, que tem agilizado atendimentos, já que os prestadores podem ser acionados em trânsito, sem necessidade de voltar à garagem, caso estejam próximos de uma ocorrência.

Um movimento similar foi experimentado por Gustavo Arthur Mechlin Prado na Sanasa, de Campinas. Em 2007, a empresa passou a atender os requisitos do ISO 9001, trazendo uma grande transformação na gestão.

Apesar dos benefícios relatados, os debatedores também apontaram desafios para quem for começar a estabelecer indicadores e metas na sua empresa.

– Quem está começando a usar indicadores vai sentir alguma repulsa em alguns setores da sua equipe. Há uma cultura de seguir fazendo o que sempre deu certo e não analisar o trabalho. Mas sem estabelecer parâmetros, não vamos avançar no nível de qualidade da empresa. É preciso deixar claro para os funcionários que o indicador não é algo pessoal. Não estamos analisando o trabalho de ninguém isoladamente, mas gerando dados para decidir os melhores rumos para o crescimento do conjunto – afirmou Mechlin.

Roberta acredita que a mudança de cultura é gradual:

– É preciso mostrar o lado positivo para os funcionários em seu cotidiano de trabalho, senão o processo se torna ainda mais desafiador.

Já Ernani Ciríaco de Miranda apresentou um trabalho pioneiro que vem desenvolvendo na Ama: uma norma que deverá servir de referência para avaliação e regulação de prestadores de serviço de água e esgoto.

– O objetivo é contribuir para melhorar a qualidade da prestação dos serviços. Para isso, buscamos uniformizar e sistematizar a forma de análise e o reporte de resultados de qualidade, eficiência e eficácia dos serviços. Os indicadores de desempenho são também atrelados a metas e padrões de referência e indicadores de contexto – explicou Miranda.

A norma servirá para que agências reguladoras possam monitorar de modo adequado seus prestadores e deverá ser aplicada anualmente.

–Apesar de a norma ser um instrumento de avaliação, os prestadores também podem usá-la como um guia para estabelecer boas práticas cotidianamente – conclui Miranda.

TEXTO: Alexandre Lucchese

Última modificação em Terça, 17 Mai 2022 18:53
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