Às vésperas do verão, o Sanep intensifica o trabalho de planejamento para enfrentar as intercorrências que marcam a estação mais quente do ano no Rio Grande do Sul - principalmente, sob a influência do fenômeno climático La Niña nos últimos anos. Em Pelotas, com o reflexo da estiagem nas represas que fornecem água doce para tratamento, o fator da salinidade também se torna um obstáculo, já que o ponto de captação no Arroio Pelotas, que contribui para o abastecimento do Laranjal, tem seu nível reduzido e recebe a interferência da água salgada.
A análise do indicador de salinidade tem sido a cada duas horas para controlar a condição de potabilização, explica a diretora-presidente do Sanep, Michele Alsina. “No último ano, a salinidade começou a ser registrada acima do ideal em janeiro. Agora, nos antecipamos para agir, caso aumente antes do esperado”, afirmou.
As providências incluídas na operação de verão devem levar em conta a inviabilidade de tratar água salobra a partir da Estação de Tratamento (ETA) móvel, localizada na praia, o que implica na retomada do modelo tradicional de abastecimento na região, ou seja, contando apenas com a água tratada nas ETAs Sinnott e Santa Bárbara (saiba mais abaixo).
Aumento da frota disponível
Diante do cenário de suspensão temporária da estação móvel e, consequentemente, do aumento da demanda para o reservatório R8 do Areal, o Sanep decidiu aumentar a sua frota de caminhões-pipa para reforçar o nível dos tanques na região litorânea, especialmente, na Colônia Z3 e no Balneário dos Prazeres. Cinco caminhões extras, com capacidade de 30 mil litros, já foram locados para entrar em operação quando necessário.
Contexto que preocupa
A falta de chuvas, em 2020, fez com que a barragem Santa Bárbara atingisse o pior momento de sua história, em mais de 50 anos, alcançando o menor índice já registrado: 4,40 metros negativos. Desde então, o panorama de estiagem se repetiu em grande parte do Rio Grande do Sul, levando vários municípios a decretarem situação de emergência e, até mesmo, de racionamento - o que não chegou a ser praticado pelo Sanep, nem mesmo no período mais grave de seca.
Cada gesto importa
Paralelo às medidas práticas de enfrentamento, a autarquia iniciará, nas próximas semanas, mais uma campanha ambiental para o uso consciente da água. O movimento “Me Poupa, né?” faz alusão aos equipamentos domésticos, como torneiras e chuveiros, que podem fazer diferença no momento que antecede a outro período de estiagem. “Ainda não vivenciamos uma condição crítica, mas não precisamos esperá-la para agir. A economia e o uso racional da água são sempre bem-vindos, sobretudo agora”, disse a diretora-presidente.
Reforço para a barragem
No primeiro trimestre de 2023, o principal manancial do município - a Santa Bárbara, atualmente, com nível 1,20 metro abaixo do vertedouro, deverá receber o aporte de mais 300 litros de água bruta por segundo. O incremento se dará a partir da obra de transposição da água do Arroio Pelotas para a barragem - um investimento de R$ 500 mil, feito pelo Sanep, que refletirá em maior volume e melhores condições de tratamento.
Reforço para a ETA móvel
Instalada em 2018 no reservatório R15, do Laranjal, a Estação passará a contar com um novo contêiner para tratamento da água nas próximas semanas. A estrutura, cuja capacidade de vazão corresponde a 50 litros por segundo, vai proporcionar um aumento na produção de água tratada em 42% durante o veraneio (considerando o índice de salinização).
Entenda
Sistema tradicional de abastecimento: reservatório R8, à rua professor Mário Peiruque, distribui água tratada nas ETAs Sinnott e Santa Bárbara para o Areal e para o R15, na avenida José Maria da Fontoura, que abastece os balneários do Laranjal.
Sistema atual de abastecimento: mesma estrutura, com o suporte da ETA móvel no R15, que trata água captada no Arroio Pelotas e aumenta o volume de distribuição em 100 litros por segundo para os balneários.
Foto: Matheus Cabistany