Os problemas com a escassez hídrica no Brasil trouxeram a necessidade de buscar novas alternativas para garantir o abastecimento de água à população. Uma das soluções apresentadas por especialistas do setor é a potabilização da água de reúso, processo que reduz o consumo do recurso natural e minimiza a geração de efluentes ao meio ambiente. O tema foi debatido em Campinas (SP) na quinta-feira, 10/12, como parte do 9º Seminário de Tecnologia em Saneamento Ambiental.
A mesa-redonda teve a moderação do diretor de Assistência aos Municípios da Assemae e gerente de Gestão da Qualidade da Sanasa de Campinas, Alessandro Tetzner, além dos seguintes palestrantes: Renato Rosseto (gerente de Operação de Esgoto da Sanasa); Ivanildo Hespanhol (professor titular da USP e diretor do Centro Internacional de Referência em Reúso da Água – CIRRA); e Luana DI Beo Rodrigues (engenheira de produção e assessora técnica do CIRRA). A discussão também contou com a participação do gerente de Desenvolvimento de Mercado, José Carlos Fragoso, e do engenheiro químico, Wanderley Ferreira, ambos da empresa Trojan Technologies.
Rosseto lembrou a construção, pela Sanasa, da Estação Produtora de Água de Reúso (EPAR) Capivari II, a primeira planta de tratamento biológico de esgoto municipal com membranas (MBR) em larga escala na América Latina. O sistema é composto pela associação de um reator biológico com membranas de ultrafiltração, o que não permite a passagem de bactérias, parasitas e outros microrganismos nocivos à saúde. O palestrante comentou, ainda, a necessidade de investimentos em tecnologias adequadas. “Precisamos ampliar as soluções para a remoção de poluentes, principalmente em razão da escassez hídrica”, acrescentou.
O professor Ivanildo destacou as ações realizadas pelo CIRRA, entre elas, o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias adequadas, treinamento, divulgação e regulamentação da prática de reúso no Brasil. Ele também mencionou o trabalho com sistemas modernos para tratamento de efluentes, a exemplo dos Biorreatores de Leito Móvel (MBBRs) e os Biorreatores de Membranas (MBRs). “A principal vantagem dos sistemas de membranas de micro ou ultrafiltração é a eficiência do tratamento, com custo menor e operação simples”, disse.
Segundo Luana Rodrigues, a pedido da Sanasa, o CIRRA está elaborando um estudo que pretende avaliar as tecnologias necessárias para potabilizar a água de reúso produzida na EPAR Capivari II. “A intenção é comprovar que a Sanasa poderá oferecer à população água de reúso com segurança, isso porque a utilização das membranas garante a qualidade do efluente tratado”, afirmou.
O 9º Seminário de Tecnologia em Saneamento Ambiental é uma iniciativa da Assemae, com o patrocínio do Ministério das Cidades, Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e empresa Koch Membrane Systems. O evento acontece no Hotel Nacional Inn, em Campinas, incluindo palestras, apresentações de tecnologias e feira de saneamento no formato de mesas. A programação segue até a sexta-feira, 11/12.