O processo de bombeamento da água exige um elevado consumo de energia elétrica por parte dos serviços de saneamento básico. Segundo o Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS), as despesas com a conta de energia representam 11,2% dos custos do setor, tendo totalizado em 2014 o valor de R$ 3.471 bilhões. Isso explica a necessidade de melhorar os mecanismos de eficiência energética e buscar novas alternativas à geração de eletricidade nos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. O tema será discutido em Jaraguá do Sul (SC), no dia 18 de maio, durante a 46ª Assembleia Nacional da Assemae.
Estão confirmados para o debate os seguintes especialistas: Pedro Alvim de Azevedo Santos (professor de Engenharia Mecânica do Centro Universitário - Católica de Santa Catarina); Marcelo Pinho Almeida (pesquisador do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo); e Dany de Moraes Venero (engenheiro de Aplicação do Centro de Negócios de Eficiência Energética da WEG S.A.). A mesa-redonda ficará sob a coordenação do diretor de Assuntos Internacionais da Assemae e superintendente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Salto (SP), Paulo Takeyama.
De acordo com o Programa Nacional de Eficiência Energética, no Brasil, o potencial técnico de recuperação de energia elétrica, apenas no saneamento, é de 45,19% do consumo atual do setor, sem considerar o aproveitamento de potenciais hidráulicos disponíveis. Ou seja, 4,7 TWh poderiam ser economizados por ano com soluções de eficiência energética, o equivalente a 1,2 % do consumo total de energia elétrica do país.
Uma das alternativas para reduzir os custos dos serviços de saneamento é a utilização de energia eólica, produzida a partir dos ventos e criada por meio de aerogeradores. Neles, a força do vento é captada por hélices ligadas a uma turbina que aciona um gerador elétrico. A capacidade instalada de energia eólica no Brasil cresceu 56,9% de 2014 a 2015, conforme dados do Ministério de Minas e Energia. Atualmente, existem 349 usinas eólicas instaladas no país, a maioria na região Nordeste. Especialista no assunto, o professor Pedro Alvim Santos comentará na Assembleia da Assemae a viabilidade da energia eólica nos serviços de água e esgoto.
A mesa-redonda também debaterá a aplicação da energia fotovoltaica no saneamento básico. Esse tipo de energia é produzida a partir da luz do sol, e pode ser gerada mesmo em dias nublados ou chuvosos. Quanto maior for a radiação solar, maior a quantidade de eletricidade produzida. Hoje, o Brasil possui 34 usinas solares, com capacidade para gerar 21 MW, o que representa 0,02% de participação no sistema elétrico nacional. A geração da energia fotovoltaica para o saneamento básico será abordada pelos palestrantes Marcelo Almeida e Dany Venero.
O evento
A 46ª Assembleia Nacional da Assemae ocorrerá em Jaraguá do Sul (SC), de 16 a 19 de maio, com o tema “Saneamento Básico: um direito de todos”. A programação do evento congrega mesas-redondas, painéis, apresentação de tecnologias, exposição de trabalhos técnicos e feira de saneamento básico.
A expectativa é reunir 2.500 participantes, entre gestores públicos, técnicos, ambientalistas, fornecedores, empreendedores, pesquisadores e demais profissionais da área de saneamento básico. As inscrições estão abertas pelo site www.assemae.org.br/assembleianacional. O primeiro lote de inscrições vai até 15 de abril, com valores menores.