Dando sequência à série de reportagens sobre experiências exitosas de saneamento municipal, a Assemae destaca nesta semana o caso da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) de Campinas (SP). A companhia municipal é referência em inovação tecnológica e possui, atualmente, o Plano de Metas 300% para a universalização dos serviços até 2025.
A série de reportagens tem como objetivo dar evidência aos associados da Assemae, destacar a qualidade dos serviços municipais e subsidiar as discussões sobre o processo de revisão do marco legal do saneamento básico. Confira a experiência de Campinas:
Sanasa: tecnologia e inovação no setor de saneamento
Há 45 anos, a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A (Sanasa) trabalha pela expansão dos serviços de abastecimento de água tratada e de esgotamento sanitário para todos os moradores da cidade de Campinas (SP), mediante a premissa dos Direitos Humanos à Água e ao Saneamento Básico. O município conta atualmente com 99,81% de abastecimento de água, 96,05% de coleta e afastamento de esgoto, 95% de capacidade instalada para tratamento de esgoto, e 20,79% de perdas de água na distribuição, um dos menores índices do Brasil.
Em 2013, a companhia definiu metas com investimentos, visando acelerar a universalização no município. Naquele ano, o prefeito Jonas Donizette estabeleceu o saneamento como um dos pilares da sustentabilidade da administração, e a direção da empresa lançou o Plano 300%, que prevê 100% de água tratada e segura, 100% de coleta e afastamento e 100% de tratamento de esgoto até o ano de 2025.
Com a conclusão do Plano de Metas 300%, a Sanasa irá atingir marcas importantes para o município e também para a região. Alcançará 100% de tratamento de esgotos, 100% de coleta e afastamento de esgotos e 100% de abastecimento de água potável. Dessa maneira, Campinas passará a ser o primeiro município brasileiro com mais de quinhentos mil habitantes a atingir os 300%. E tem mais, em abril de 2020, com a conclusão das obras da Estação Produtora de Água de Reúso – EPAR Boa Vista, Campinas chegará a 100% de capacidade instalada de tratamento de esgoto. Isso é inovação e responsabilidade com o meio ambiente.
Nesse processo revolucionário da EPAR, com as membranas de ultrafiltração, há uma produção de 360 litros por segundo de uma água de reúso, proveniente do tratamento de esgoto, com um grau de pureza de 99,5%, sem utilização de produtos químicos. Tecnologia de países de primeiro mundo, aplicada em Campinas pela Sanasa, tornando-se pioneira na produção de água de reúso e referência nacional em qualidade e inovação na gestão pública do setor.
Além dos diferencias técnicos, a Sanasa se destaca por suas práticas de gestão. Deste 2004, mantém um sistema de Gestão da Qualidade, com base nos requisitos ISO 90001, implantado em todas as atividades e serviços prestados pela empresa. A conquista de certificações e acreditações integra as Diretrizes Estratégicas da Sanasa e representa a busca pela melhoria contínua dos processos e atividades.
A implantação dos sistemas de gestão propicia ganhos significativos para a prosperidade do serviço e reflete avanços nas rotinas internas de trabalho da empresa, devido à padronização das atividades e estabelecimento de controles e monitoramentos de processos e operações que embasam a tomada de decisão e garantem a qualidade dos produtos e serviços e a proteção do meio ambiente, além de refletir externamente, aumentando a confiabilidade e promovendo a imagem institucional da empresa.
Em relação aos investimentos de 2018, foram aplicados R$ 29,8 milhões nos sistemas de abastecimento de água, com destaque para a execução de obras como a construção de subadutora, implantação de reservatórios metálicos e substituição de redes. Já nos sistemas de coleta, afastamento e tratamento de esgoto foram aplicados R$ 55,5 milhões, incluindo novas estações de tratamento de esgoto e de sistema de esgotamento sanitário, além de reversão, prolongamento e remanejamento da rede coletora de esgoto.
Vale destacar que desde 2013 já foi investido um montante de R$ 567,4 milhões, sendo a maior parte deste valor (57%) aplicado no sistema de esgotamento sanitário, o que permitiu que a capacidade instalada de tratamento de esgoto saísse de 80% (em 31 de dezembro de 2012) para 95%.
Diferenciais
A Sanasa foi uma das primeiras empresas de saneamento no Brasil a adicionar flúor no tratamento da água. O resultado foi uma sensível diminuição na incidência de cárie na população. Esse pioneirismo, de certa forma, revela a capacidade do poder público campineiro de investir em ações que resultem em modelo para o País.
Esse tipo de ação tem norteado a conduta da Sanasa. Uma empresa que é reconhecida internacionalmente pela excelência dos seus serviços. Em 2015 a diretoria executiva da Sanasa foi recebida na ONU, em Nova York, para uma visita por ter sido integrada no Movimento pela Redução de Perdas de Água na Distribuição.
O movimento, liderado pela Sanasa, é uma iniciativa da Rede Brasileira do Pacto Global da ONU. O movimento pela Redução de Perdas de Água na Distribuição tem como principais objetivos debater sobre as perdas de água nos sistemas de distribuição com a participação de governos, da sociedade civil e do setor privado, e engajar municípios previamente selecionados. Com o slogan ‘Menos Perda, Mais Água’, o movimento pretende contribuir com o acesso universal à água no Brasil.
Programas
O Programa de Combate e Controle de Perdas recebeu investimentos de R$ 235 milhões entre os anos de 1994 e 2018, e tem sido fundamental para garantir o abastecimento ininterrupto para toda população do município, isso mesmo durante a crise hídrica dos anos de 2014 e 2015. Os resultados são muito satisfatórios e mostram que ao longo do período a empresa vem apresentando melhoria continua em eficiência operacional e na gestão de custos do sistema. Essa boa performance permitiu à Sanasa realizar investimentos no sistema de esgotamento sanitário, com impacto positivo sobre a elevação da capacidade instalada de tratamento, que saltou de 1,71% em 1994 para 95% em 2018.
No período de 1994 e 2018 o Programa de Combate e Controle de Perdas colaborou para redução do Índice de Perdas de Distribuição – IPD, de 37,7% para 20,79% e do Índice de Perdas de Faturamento – IPF, de 34,6% para 12,9%. A meta futura é alcançar IPD de 15%, mas para tanto será necessário realizar obras de readequação de mil quilômetros em troca de redes de cimento amianto com seus respectivos ramais, com setorização e equalização de pressão. Para execução dessas obras, a empresa aguarda a aprovação de recursos solicitados junto ao Governo Federal, por meio da submissão de Cartas de Crédito. O alcance da meta de 15% de IPD também prevê a troca de 116 mil hidrômetros velocimétricos por volumétricos, o que poderá ser viabilizado com recursos próprios, abrindo processo licitatório nos próximos anos.
A Sanasa atua junto à comunidade local com ações de engajamento, capazes de encorajar os consumidores a manterem uma atitude mais responsável sobre o uso do sistema. Através do programa Sanasa na Comunidade, a empresa desenvolve a reflexão sobre o saneamento como direito individual e coletivo, além de serviço público essencial, que interage com outras políticas públicas; estimula a participação comunitária; dissemina boas práticas de uso dos serviços oferecidos, promove a integração entre a empresa e a comunidade e desperta a responsabilidade ambiental.
O Programa de Ação de Sustentável (PAS) é uma estratégia da empresa adotada desde 2008, e que visa promover impactos positivos quanto ao controle ao desperdício de água potável e segura, ao descarte correto do esgoto, e à qualidade do abastecimento. As operações do PAS ocorrem no município de Campinas, principalmente, nos núcleos residenciais urbanizados e não urbanizados, onde o programa alcançou sucesso e expandiu suas atividades junto às comunidades locais em busca de avanços e melhorias no abastecimento, controle de perdas e engajamento da população. Na busca pela qualidade máxima em saúde pública, desenvolvimento econômico e social, a Sanasa oferece tratamento igualitário e isonômico a população de baixa renda, de forma que todos recebam em suas casas o resultado dos melhores investimentos em abastecimento e saneamento básico, sem discriminar a localidade dentro do município, classes ou categorias sociais.
O Programa Ciclo da Água no Saneamento (CASA) promove o engajamento por meio de atividades de diálogo junto à comunidade. As atividades visam levar conhecimento e informação sobre o sistema de captação, tratamento, reservação, distribuição e consumo da água potável, lançamento, coleta e tratamento de esgoto e devolução das águas residuais (com qualidade) ao corpo receptor.
Premiações
A Sanasa apareceu novamente em primeiro lugar no ranking das maiores empresas municipais de saneamento da Revista Saneamento Ambiental, considerada a principal publicação do setor. Já no ranking geral, que inclui as empresas estaduais, municipais e privadas de todo o País, a empresa de Campinas ocupa a 15ª posição. Uma classificação que coloca os serviços prestados à população em um grau de excelência. Nos últimos cinco anos, a empresa investiu quase R$ 500 milhões em sistemas de abastecimento e esgotamento sanitário.
A Sanasa também aparece como destaque entre os municípios que apresentam baixos índices de perdas de água na distribuição. De acordo com a revista, Campinas está entre os quatro únicos municípios no ranking das maiores empresas com índices menores que 20%. Na lista das maiores do setor, 20 têm perdas entre 20% e 30%, e outras 17 apresentam índices entre 31% e 50%. A revista ainda aponta nove com perdas acima de 50%.
Além disso, a Sanasa foi classificada em 7º lugar no ranking das empresas de saneamento públicas e privadas de todo o País publicado na edição de 2019 da Valor Mil, subindo duas posições em relação ao ano passado. A revista é uma publicação do Valor Econômico, considerado um dos principais jornais financeiros do Brasil. No quesito Rentabilidade (lucro líquido sobre o patrimônio líquido), desde 2016 a empresa de saneamento de Campinas vem se mantendo em primeiro lugar.
A análise levou em conta o desempenho financeiro das companhias em 2018, quando a Sanasa alcançou todas as metas financeiras e operacionais. Receita líquida, margem Ebitda (métrica de lucratividade operacional) e rentabilidade foram os principais critérios utilizados pela publicação. “Esse resultado comprova mais uma vez a excelência do nosso trabalho, estamos perto de ser a primeira cidade com mais de um milhão de habitantes do País a atingir a universalização do saneamento, e este resultado nos motiva ainda mais”, afirma o presidente da Sanasa, Arly de Lara Romêo.
Novos Projetos
A Sanasa tem trabalhado pela melhoria da qualidade dos corpos d'água no descarte do efluente tratado. Em 2018, a companhia firmou um convênio com a Prefeitura de Valinhos (SP) para assumir a operação da Estação de Tratamento de Esgoto Capuava.
A ETE Capuava trata o efluente doméstico do município de Valinhos, com lançamento final no ribeirão Pinheiros, cuja foz, no rio Atibaia, situa-se cerca de dois quilômetros à montante do ponto de captação de água utilizada para o abastecimento de Campinas. O projeto prevê a ampliação e a modernização da estação de tratamento com a execução de retrofit e membranas filtrantes, tecnologia que elevará o nível de tratamento do secundário para o terciário e transformará a ETE Capuava em Estação Produtora de Água de Reuso – EPAR.
Além disso, a Sanasa também substituirá o sistema de tratamento dos esgotos da Bacia Anhumas, transformando a ETE Anhumas em uma Estação Produtora de Água de Reuso, cujo projeto também prevê a modernização da estação de tratamento com a execução de retrofit e membranas filtrantes, o que eliminará os odores durante o processo e aumentará a eficiência do tratamento de efluentes.
Em parceria com a Secretaria Municipal de Serviços Públicos, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Centrais de Abastecimento de Campinas S. A. (CEASA), a Sanasa trabalha na implantação do projeto de compostagem dos resíduos de lodo, poda e FLV (frutas, legumes e verduras). A usina de compostagem será capaz de gerar um fertilizante para aplicação na agricultura. Para a viabilização deste projeto a Sanasa adquiriu três equipamentos: triturador de resíduos; compostador e peneira rotativa, totalizando R$ 5,8 milhões de recursos.
Texto e fotos: Sanasa de Campinas