Os debates da manhã desta quarta-feira (11) no 50º CNSA tiveram como um dos temas as novas tecnologias voltadas para gestão comercial de saneamento. A moderação foi realizada pelo servidor do Serviço Intermunicipal de Água e Esgoto (SIMAE) de Joaçaba, Herval d’Oeste e Luzerna (SC), Paulo Cesar Lamin. "Analiso que o principal objetivo é debater as tendências vinculados à gestão comercial, uma área multidisciplinar que faz parte do dia a dia das autarquias", afirmou ao abrir o evento. Representantes da Bahia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul compartilharam experiências vividas em suas realidades.
O diretor-geral do Saae de Alagoinhas (BA), Francisco Brito, que é servidor há 18 anos e assumiu o comando em 2020 – durante a pandemia, trouxe o caso da autarquia baiana, que reformulou o atendimento nesse período. A cidade de 170 mil habitantes migrou de um atendimento primordialmente presencial para o virtual, por meio de ferramentas básicas, como aplicativo de mensagens. Antes da pandemia, eram 700 atendimentos online, hoje, são 6.800 ao mês, gerando celeridade na resolução dos problemas e aproximação com os clientes. "Aprimoramos a aproximação com nossos clientes por meio de ferramentas já existentes", informa, acrescentando que está em curso o desenvolvimento de um aplicativo da Saae. A iniciativa também permitiu agilizar a religação de urgência. "Recentemente, realizamos o procedimento de religação no tempo recorde de apenas 23 minutos após o pagamento da fatura em atraso", destaca.
A grande revolução financeira iniciada no período foi a possibilidade de parcelamento de tarifas atrasadas pelo cartão de crédito em até 18 vezes – por meio de um termo de cooperação com uma empresa de cobrança. "Possibilitamos a diluição desse custo para o cliente e recebemos o valor integral um dia após a negociação", explica. As ações comerciais possibilitaram a redução de quase 60% do déficit previsto já em 2020.
O assessor de Novos Negócios da Companhia Água de Joinville (SC), Cesar Rehnolt Meyer, apontou os benefícios dos hidrômetros volumétricos, que são mais precisos e, hoje, representam 60% dos instalados na cidade catarinense e estão em um processo de substituição aos taquimétricos. "O valor desse tipo de hidrômetro é maior, mas o tempo de uso também é maior, além da precisão, o que justifica o investimento", relatou. Também informou que a companhia vem utilizando o monitoramento remoto por IOT (internet das coisas) com menos de 1% dos clientes, mas que representam 16% do volume consumido. "A telemedição tem nos aproximado dos grandes clientes, especialmente grandes indústrias da nossa região, que apresentam uma maior sensibilidade à falta de água. Essa iniciativa permite que elas sejam informadas de forma mais ágil para tomarem as devidas providências no menor espaço de tempo possível", informa.
Já o engenheiro do DMAE Porto Alegre (RS) João Batista Guimarães Nunes apresentou o caso da telemetria aplicada pelo Dmae desde 2010, mas segue sendo considerado inovação e referência. O sistema abrange todas as regiões da capital gaúcha. O sistema consiste na transmissão de dados via ondas de radiofrequência, por meio de sensores instalados nos hidrômetros, possibilitando análises rápidas e detalhadas sobre o consumo de água em cada área do município, e determinar o perfil de consumo de cada cliente. "O perfil de consumo, com dados concretos, é ferramenta fundamental para a boa relação e oferta de serviços adequados ao cliente", destaca Nunes. Esse monitoramento gera ainda alarmes instantâneos de problemas de abastecimento, conferência correta de prazo para troca de hidrômetros e projeções de receita. Outros benefícios são a eliminação de fraudes, correção de falhas de leitura. “Devido à grande precisão, diversidade e quantidade de informações coletadas no dia a dia”, afirmou Nunes.
Texto: Daniele Alves Seade