A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Pirapora (MG) hoje, é constituído por gradeamento manual, caixa de areia, quatro reatores anaeróbios tipo UASB (Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente), lagoa de polimento e quatro leitos de secagem do lodo. E todo este sistema trata o esgoto da cidade, que durante este trabalho gera uma série de subprodutos, como o gás metano, areia, escuma, plásticos, lodo e outros. E esses resíduos gerados são destinados para caminhos diferentes: o gás metano é queimado e os demais são dispostos no aterro sanitário municipal.
Porém, o lodo (também chamado de biossólido ou biolodo), pode ter um destino ambientalmente mais adequado do que o aterro sanitário, como por exemplo, o aproveitamento agrícola ou produção de mudas.
Dentre os benefícios estão a melhoria na qualidade do solo, devido a adição de matéria orgânica, maior estabilização dos agregados, maior retenção de água, melhoria da consistência, aumento na fertilidade, alteração favorável no pH, neutralização de elementos químicos tóxicos, adição de micronutrientes e melhoria na biota do solo; isso leva a economia de insumos e consequentemente à economia de recursos financeiros. Porém, alguns riscos associados ao uso agrícola do lodo podem ocorrer, principalmente devido ao conteúdo de metais pesados e de nitrogênio e à interação do lodo com o meio ambiente.
Uma parceria entre o SAAE-Pirapora e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) visou avaliar o potencial do lodo gerado nos reatores UASB da ETE, para atender a demanda por nutrientes das atividades agrícolas, pecuária e de silvicultura no município. Para isso, buscou-se conhecer as principais características qualitativas (como pH, sólidos fixos e voláteis, carbono orgânico total, fósforo e nitrogênio) e quantitativas do lodo gerado, assim como também se avaliou o uso e ocupação do solo e a demanda por nutrientes associadas às atividades agrossilvipastoris de Pirapora.
Segundo o biólogo do SAAE e especialista em Recursos Hídricos e Ambientais, Patrick Nascimento Valim, esse trabalho realizado pela UFMG, observou boas perspectivas de aproveitamento agrícola do lodo no município. “Além disso, constatou-se a viabilidade de utilização de geotecnologias e dados espaciais como forma de subsidiar o gerenciamento de lodo e planejamento por parte da autarquia”.
De acordo com Patrick Valim, todo este trabalho mostrou que o biolodo, antes descartado e visto como resíduo, pode ter um caminho diferente do atual. “Disponibilizando o biolodo para agricultura e para produção de mudas, reduziremos, aproximadamente, 110 toneladas de lodo que eram levados ao aterro sanitário, o que aumentará seu tempo de vida útil. E também, poderemos maximizar os efeitos benéficos do biolodo na agricultura e na produção de mudas”, observa Valim.
Fonte: SAAE Pirapora