O Programa Hidrológico Internacional (PHI) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) lançou esta semana (29) o Portal da Qualidade da Água Mundial, que fornece informações sobre a qualidade da água doce em escala global, usando dados de sensoriamento remoto.
A qualidade da água afeta a saúde humana, assim como ecossistemas, biodiversidade, produção de alimentos e crescimento econômico. Embora seu aprimoramento seja essencial para o desenvolvimento sustentável, são raros os dados confiáveis, especialmente em áreas remotas e em países em desenvolvimento nos quais não existem capacidades ou redes de monitoramento.
O Portal da Qualidade da Água Mundial, da Iniciativa Internacional sobre Qualidade da Água, atende a uma necessidade urgente de aprimorar o acesso à informação e a uma base de conhecimento, com o objetivo de entender melhor os impactos das mudanças causadas pelo clima e pelas atividades humanas na segurança hídrica.
O site facilitará uma tomada de decisões consciente e com base científica para a gestão da água, e apoiará os esforços dos Estados-membros na implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 6, que trata de água potável e saneamento, assim como vários outros objetivos e metas relacionados diretamente com a qualidade e a poluição da água.
A iniciativa fornece dados sobre cinco indicadores-chave da qualidade da água: turbidez e distribuição sedimentar, clorofila A, floração de algas nocivas (FAN), absorção orgânica e temperatura da superfície.
Esses indicadores também fornecem informações quanto ao impacto de outros setores e usos da terra, como as áreas urbanas, uso de fertilizantes na agricultura, mudança climática ou gestão de represas e reservatórios.
Por exemplo, acompanhar mudanças na turbidez (o grau em que a luz é retrodifundida em partículas na água) é útil para o monitoramento de resquícios de sedimentos em atividades de dragagem e despejo.
A clorofila A é um pigmento encontrado em células de fitoplâncton, enquanto o indicador FAN mostra áreas possivelmente afetadas por florações de algas nocivas, formadas por cianobactérias e que contêm ficocianina. O portal utiliza dados óticos dos satélites Landsat e Sentinel-2, que são de acesso aberto, e um sistema computacional desenvolvido pela empresa EOMAP, da Alemanha.
Nessa fase de demonstração, o Portal da Qualidade da Água Mundial fornece uma série cronológica de dados referentes a sete bacias hidrográficas e recursos hídricos da superfície em todas regiões do mundo, monitorando esses cinco indicadores desde janeiro de 2016.
As bacias e regiões consideradas nessa fase são: Lago Sevan, na região do Cáucaso (Armênia e Azerbaijão); reservatório de Itaipu e a Bacia do Rio Paraná (Argentina, Brasil e Paraguai); Planalto do Lago Mecklenburg (Alemanha); Rio Nilo e Represa de Assuã (Egito e Sudão); Delta do Rio Mekong (Vietnã); Lagos da Flórida (EUA); e Bacia do Rio Zambeze (Zâmbia e Zimbábue). Também inclui materiais de treinamento para facilitar a capacitação e conscientizar as partes interessadas, que incluem profissionais do setor hídrico, formuladores de políticas e o público em geral.
Uma exposição intitulada “Qualidade da água desde o espaço: imagens hipnotizantes da observação terrestre” também foi apresentada na Sede da UNESCO, em Paris (de 22 a 26 de janeiro), para marcar o lançamento do portal.
Ela mostra resultados da fase de demonstração e inclui uma coleção de imagens de observação terrestre, expondo a qualidade da água nos principais rios, lagos, reservatórios e deltas costeiros ao redor do mundo. A exposição salienta ainda a importância de se manter ecossistemas saudáveis e mostra todo o potencial da observação terrestre para a avaliação mundial da água.
O site é mais um item do conjunto de ferramentas fornecidas pela UNESCO para ajudar os Estados-membros a monitorar e administrar os recursos hídricos de forma sustentável, e para que alcancem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Essas ferramentas incluem bases de dados interativas, como o Sistema de Redes de Informação sobre a Água, e publicações de avaliação e monitoramento periódico, como o Relatório Mundial sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, e relatórios para monitorar o progresso dos indicadores do ODS 6, o primeiro dos quais será publicado em junho de 2018.
Fonte: ONU Brasil