Em pleno século XXI, 361 mil crianças ainda morrem de diarreia por falta de saneamento seguro. A estatística é da Organização Mundial de Saúde (OMS). O esgoto jorra nas ruas e muitas vezes nos quintais das residências não é por falta de dinheiro, é por falta de uma política de fiscalização contra empresas privadas que faturam neste ramo.
Em cidades como Campos dos Goytacazes (RJ), Norte do Estado do Rio, esgoto ainda corre à céu aberto, mesmo a concessionária Águas do Paraíba, consórcio formado pela Queiróz Galvão e Carioca Engenharia (ambas envolvidas na Operação Lava-Jato, por pagamento de propina), faturando R$ 58 milhões/ano e cobrando a taxa de esgoto mais cara do país.
Esgoto na cidade tornou-se um caso de calamidade pública, o que tem levado vereadores a propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a prestação de serviços e a taxa cobrada a população. Enquanto em Campos o problema é menosprezado pela concessionária, no mundo o cocô é um papo sério.
A Fundação Bill e Melinda Gates (mantida pelo empresário Bill Gates) realiza pesquisas avançadas para desenvolver tecnologia de saneamento. Uma série documental recém-lançada na Netflix “O código Bill Gates”, mostra algumas dessas invenções. Já no primeiro episódio, o casal Gattes relata o quanto ficou impactado ao tomar conhecimento de que crianças ainda morrem de diarreia por falta de saneamento.
O tema também está associado a outras patologias como cólera, disenteria, hepatite A e febre tifoide, só para ficar em alguns exemplos.
O documentário mostra que as tecnologias atuais, como privadas e estações de tratamento de água e esgoto, além de caras, não chegam em muitas nações em desenvolvimento, como em alguns países da África e Índia, por exemplo.
De acordo com a Fundação, mais de 950 milhões de pessoas ainda defecam ao ar livre rotineiramente. Em 2011, a Fundação Bill e Melinda Gates anunciou o desafio “Reinvent Toilet Challenge”.
A iniciativa estimulou cientistas do mundo todo a criarem protótipos que pudessem solucionar esses problemas. No total, a entidade já investiu mais de 200 milhões de dólares no projeto nos últimos anos.
Entenda a tecnologia
Em 2018, o empresário apresentou cerca de 20 protótipos de privadas e máquinas para processamento de esgoto, que prometem transformar cocô em fertilizantes. A tecnologia apresenta vasos sanitários que funcionam sem água.
Embora sejam diferentes, todos seguem a mesma lógica: dispensam o uso de água e estruturas complicadas para chegar ao objetivo final. Os modelos foram exibidos em um evento realizado em Pequim, na China, com a presença de várias empresas do setor.
“Nunca imaginei que eu saberia tanto sobre cocô. E, definitivamente, nunca pensei que Melinda teria que me dizer para parar de falar sobre vaso sanitário e massa fecal na mesa durante o jantar”, diz Bill. O desafio, agora, é encontrar parceiros comerciais que invistam nestas tecnologias de modo a reduzir os custos de produção (que hoje chegam aos 50 mil dólares) e levá-los para o mercado doméstico.
Fonte: Portal Viu