Durante o 53º Congresso Nacional de Saneamento da Assemae (53º CNSA), realizado em Caldas Novas(GO), em 24 de junho, foi realizado o minicurso Gestão de perdas de água: do planejamento à execução, coordenado por Viviane Santos de Oliveira, do SAAE de Valença (BA), e conduzida pelos especialistas Mário Bággio Bruno Marchezepe, que mostraram aos participantes um panorama atualizado e prático sobre como implementar programas eficazes de controle de perdas em sistemas de abastecimento de água.
Com base na experiência em diferentes estados e em estudos de casos nacionais e internacionais, os instrutores apresentaram o que chamaram de “mapa do caminho” – uma estratégia clara, integrada e orientada ao cumprimento das metas estabelecidas pelo Novo Marco Legal do Saneamento. Segundo os especialistas, o Brasil ainda convive com perdas alarmantes, chegando a mais de 2.000 litros por dia em algumas localidades, enquanto países como o Japão conseguiram reduzir esse índice para menos de 4% em seis décadas.
A ideia principal do minicurso foi a transformação na abordagem da gestão das perdas. Em vez de atacar apenas os efeitos visíveis, como vazamentos, a orientação é focar nas causas estruturais, aplicando ferramentas consagradas da qualidade e da gestão de processos, como o MASP (Método de Análise e Solução de Problemas), o Hoshin Kanri e os princípios do Total Quality Control (TQC).
“Controlar perdas é controlar processos, não apenas medir vazamentos”, afirmou Mário Bággio, ao destacar que sem método e envolvimento de toda a equipe, da diretoria ao campo, não há resultado sustentável.
A experiência da CAGEPA (PB) foi usada como referência no curso, por seu uso eficaz do Road Map, uma metodologia que alinha planejamento, execução e controle no combate às perdas. A estrutura de indicadores, a setorização da distribuição, a gestão da pressão e o uso de tecnologias como telemetria foram destacados como pilares desse modelo.
O Ranking Trata Brasil/SNIS foi citado para demonstrar a desigualdade nos índices de perdas entre os municípios brasileiros. Os instrutores lembraram ainda que não existe “perda zero”, mas sim um Nível Econômico de Perdas (NEP) a ser alcançado por meio de planejamento técnico, gestão integrada e investimento em capacitação.
Outro ponto enfatizado foi a necessidade de que o combate às perdas tenha “donos” dentro das estruturas organizacionais, responsabilizando áreas e gestores específicos por metas e resultados. Ao final da capacitação, ficou o chamado à reflexão sobre os desafios do setor. “Conhecemos profundamente nossas perdas, mas ainda não temos estratégia. Por quê?”, provocou Bággio, encerrando o minicurso com um convite à ação para gestores públicos e operadores do saneamento.