As perdas no saneamento básico são uma questão importante para o setor, pois impacta diretamente na eficiência dos serviços. Por isso, o tema foi debatido durante uma mesa redonda na quarta (08) durante o 49º Congresso Nacional da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae), em Cuiabá (MT).
Em qualquer processo de abastecimento de água por meio de redes de distribuição ocorrem perdas de água. As chamadas perdas reais são as associadas aos vazamentos, já as perdas aparentes são as relativas à falta de hidrômetros ou demais erros de mediação, às ligações clandestinas e ao roubo de água.
Luiz Augusto Domingues, engenheiro mecânico e consultor na área de redução e controle de perdas, uso eficiente da água e eficientização energética, mostrou que o Brasil perde mais de R$ 10 bilhões em desperdícios de água. “Além disso, estudos mostram que somente em 2016, o País apresentou perdas médias na ordem de 38%, de acordo com dados do SNIS. Isto ameaça o modelo de gestão, gera demanda adicional de água, impedem a contratação de financiamentos”, enfatizou.
“Temos que encarar esse problema, ter mecanismos de financiamento para melhorar as redes, capacitar pessoas nas autarquias e demais empresas para que acessem esses recursos e tirem esse vácuo entre perdas elevadas e perdas adequadas aqui no Brasil”, disse Lineu Andrade de Almeida, diretor técnico do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (DAERP/SP).
Ele contou sobre o programa de perdas que está traçado para o município até 2021. A meta é passar de 56,9% para 30% de perdas com investimentos em diversos itens. “O custo será de R$ 121 milhões e, depois de totalmente implantado, teremos números favoráveis. Claro que 30% ainda dá para ser melhorado, por isso temos que ter metas constantes”, afirmou Almeida.
Silvia Mayumi Shinkai de Oliveira, diretora de Desenvolvimento Associativo de Resíduos Sólidos e Drenagem Urbana da Assemae e servidora do DAEP de Penápolis (SP), relacionou a discussão com o momento de debate no País sobre a eficiência dos órgãos públicos prestadores de serviços. “A gestão de perdas engloba tudo isso. Desde a alta direção, a partir de onde você vai definir investimentos, a gestão dos recursos humanos, onde você irá capacitar a sua força de trabalho, até a questão da aquisição de equipamentos de qualidade”, frisou.
A experiência do Programa Com + Água, do Ministério do Desenvolvimento Regional, foi trazida por Glauco Cayres de Souza, coordenador técnico da Unidade de Redução e Controle de Perdas da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa). “Foi uma experiência muito rica em que destaco a inclusão de ações de mobilização social e o planejamento integrado e participativo para que se consiga um resultado efetivo. Quem executa as ações são as pessoas, então temos que começar mobilizando todos os envolvidos, assim como a sociedade”.
O 49º Congresso Nacional de Saneamento da Assemae prossegue até esta sexta-feira (10) no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá. O evento marca os 35 anos de criação da Assemae e os 300 anos da capital mato-grossense. Considerado o maior evento municipalista da área de saneamento, o congresso tem previsão de reunir mais de 2 mil participantes em uma programação que inclui mesas-redondas, painéis, minicursos, apresentações de trabalhos técnicos, exposições de tecnologia e feira de saneamento básico.
Mais informações: www.assemae.org.br/congressonacional