Em 2020, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Samae) fará investimentos importantes na adequação de três das quatro Estações de Tratamento de Esgoto de Jaraguá do Sul (SC). A informação é do presidente da autarquia, Ademir Izidoro, afirmando que as ações fazem parte do planejamento estratégico do Samae e estão previstas no Plano Municipal de Saneamento Básico.
De acordo com o Manual do Saneamento Básico, do Instituto Trata Brasil, saneamento é o conjunto de medidas que visa preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde, melhorar a qualidade de vida da população, a produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica.
No Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição e definido pela Lei nº. 11.445/2007 como o conjunto dos serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais.
Em Jaraguá do Sul, o tratamento de esgoto começou no mandato de Geraldo Werninghaus, em meados do ano 2000. Em 2012, o município já contava com 45% de esgoto tratado, com os processos de coleta, afastamento e tratamento. Atualmente, encontra-se com índice de 85%, com aproximadamente 600 quilômetros de redes coletoras e perto de 50 mil ligações.
O presidente do Samae estima que em quatro anos será possível tratar 100% do esgoto produzido pela população jaraguaense.
“Estamos implantando mais 23 quilômetros de redes coletoras, nos bairros Jaraguá 84 e Jaraguá 99, e levando um sistema de tratamento para mil famílias rurais do Garibaldi, com fossas, filtros e caixas de gordura, medidas que farão o índice de tratamento subir ainda mais nos próximos meses”, reforça.
Na outra ponta do sistema, estão as estações de tratamento de esgoto, que precisam de investimentos constantes para conseguir atender o crescimento populacional e as novas ligações às redes coletoras. É o caso da ETE Água Verde, que passa por processo de modernização, com investimentos de R$ 14 milhões, com recursos próprios da autarquia. Neste caso, o sistema será atualizado e a capacidade de tratamento ampliada.
“Esta é a primeira estação de tratamento de esgoto de Jaraguá do Sul e não comporta mais a demanda, já que aquela região cresceu muito nos últimos anos. A estação está operando no limite”, explica.
A ETE Água Verde está localizada na BR 280, e trata o esgoto sanitário gerado por uma população de aproximadamente 35 mil habitantes. Izidoro lembra que em 2013, logo que assumiu a gestão do Samae, o Ministério Público ameaçou interditar a estação. Já no ano seguinte, R$ 1,5 milhões foram investidos para melhorar e minimizar os problemas na unidade.
Ao mesmo tempo, a ETE São Luís estava com as obras paralisadas, com financiamento assinado desde 2007 e os recursos disponíveis. A ETE São Luís teve suas obras finalizadas e entregues em março de 2016, com mais de 84 quilômetros de redes coletoras nos bairros Vila Lenzi, Nova Brasília, Jaraguá Esquerdo, São Luís, Tifa Martins, Barra do Rio Molha, Barra do Rio Cerro e Jaraguá 99.
“Neste mesmo período, fizemos mais 50 estações elevatórios de esgoto, com duas bombas cada e telemetria (monitoramento online), e reformamos outras 70 que estavam fora dos padrões para o sistema”, acrescenta Izidoro, explicando que as estações elevatórias são construídas, geralmente, no meio das vias públicas.
Capacidade de tratamento dobrada
Com os investimentos previstos em 2020, a capacidade de tratamento será dobrada na ETE Água Verde. No local, estão sendo construídos dois novos reatores, para tratar até oito mil metros cúbicos de esgoto sanitário por dia.
Além dos tanques fabricados em aço vitrificado, está sendo preparado o local que receberá a sala de sopradores, que são os equipamentos que fazem a injeção de ar nos reatores através dos sistema de difusores de ar de microbolhas para a depuração do esgoto sanitário bruto, tornando-o apto para ser devolvido tratado ao rio. Outras obras complementares também já estão sendo providenciadas como é o caso da subestação de energia elétrica, implantação da automação do sistema e unidade para remoção de resíduos sólidos, como areia e gordura.
Ademir Izidoro explica ainda que, com esta adequação, muda também a concepção tecnológica do processo de tratamento de esgoto na ETE Água Verde. “Vamos deixar de usar um sistema antigo, obsoleta, mais vulnerável à emanação de odores e utilizar tecnologia mais avançada”, explica, acrescentando que o sistema de tratamento será o mesmo da ETE São Luís, a mais recente e moderna unidade construída no município.
Já no Bairro Ilha da Figueira, o Samae está iniciando o projeto para a construção de uma nova estação de tratamento de esgoto, dado o crescimento demográfico da região atendida pela atual unidade, localizada na Rua Via Verde e que trata esgoto de mais de 35 mil pessoas. Trata-se de uma ETE com quase 20 anos de uso e que precisa ser modernizada.
“É uma ETE em estado de depreciação e cujo terreno não permite que façamos adequação ou ampliação”, resume, acrescentando que a intenção é utilizar a mesma tecnologia já empregada na ETE São Luís. “Teremos um aproveitamento técnico mais eficiente com o fato das estações utilizarem a mesma forma de tratamento de esgoto”, estima o presidente.
Esgoto tem planejamento estratégico
Outra justificativa é o planejamento estratégico para o futuro do tratamento de esgoto dos bairros Santa Luzia, João Pessoa, Vieira e Centenário. Esta nova estação será dimensionada para receber e tratar o esgoto sanitário gerado pelos moradores destes bairros, que ainda não possuem redes coletoras.
Com a modernização da ETE Água Verde, será possível melhorar a estrutura da ETE Nereu Ramos, segundo informa Izidoro, pois assim que os novos reatores entrarem em funcionamento na unidade do Água Verde, será iniciado o processo de desmontagem do tanque de 800 metros cúbicos que está em operação atualmente. Esta estrutura será remontada em Nereu Ramos, aumentando em 150% a capacidade de tratamento de esgoto daquela unidade que hoje trata até 1.000 metros cúbicos por dia.
O presidente do Samae ressalta que, ao mesmo tempo, existem mais de 500 quilômetros de redes coletoras de esgoto no perímetro urbano de Jaraguá do Sul e que muitas destas redes já possuem mais de 20 anos de uso.
“Algumas precisam ser substituídas, outras precisam ser ampliadas porque as regiões cresceram muito nos últimos anos e a tubulação quase não consegue mais dar conta da demanda”, finaliza.
Izidoro lembra que o Samae vai atingir em breve o índice de 90% de tratamento de esgoto no município, que é considerado um dos melhores índices do Brasil, bem acima da média do país. De acordo com o planejamento estratégico da autarquia, a meta é chegar a 100%, coletando, afastando e tratando o esgoto sanitário.
Fonte: Portal OCP News