A programação da tarde desta terça-feira (11), do 50º Congresso Nacional de Saneamento da Assemae, ofereceu dois minicursos com conteúdos técnicos e voltados para a resolução de questões práticas.
Coleta seletiva
Para o tema ‘Recolhimento seletivo de resíduos de embalagens e de biorresíduos - aspectos técnicos e econômicos’, o exemplo veio de Portugal. O diretor da área de desenvolvimento de negócios do grupo ADP, Carlos Martins, e o presidente da Associação para Gestão de Resíduos (Esgra), Paulo Praça, apresentaram exemplos de práticas implementadas na área de coleta seletiva de resíduos em embalagens e biorresíduos.
Portugal conheceu, no final da década de 1990, um caso de grande sucesso nas políticas públicas de resíduos, com particular foco na gestão dos resíduos urbanos. Em cinco anos, entre 1997 e 2002 foi possível proceder ao encerramento de mais de 350 lixeiras, construir uma rede de novas infraestruturas de eliminação, tratamento e valorização de resíduos urbanos, cumprindo as mais exigentes normas ambientais comunitárias e instalar um sistema logístico de ecopontos, viaturas e unidades de triagem para promover a recolha seletiva do fluxo de embalagens de papel, vidro, plásticos e metálicas. “Teremos de, num prazo de 10 anos, duplicar os valores de reciclagem e valorização e reduzir a um terço o encaminhamento atual de resíduos para aterros. Estes novos objetivos vão implicar alterações muito significativas nos modelos de gestão a que estamos habituados em Portugal. Alterar hábitos nesta área implica mudar também o comportamento dos cidadãos”, afirmou Carlos Martins.
A trajetória da coleta seletiva do fluxo das embalagens permitiu que Portugal fosse cumprindo metas, sempre no limiar dos valores mínimos dos objetivos, mas mesmo assim numa situação que coloca o país na média europeia. O presidente da Esgra, Paulo Praça, citou a lei que proíbe a distribuição de sacolas em supermercados de Portugal, onde é preciso pagar pela embalagem. A medida incentivou a população a levar sua própria sacola para carregar as compras. “A pandemia Covid-19 tornou muito claro, em Portugal e no mundo, que o sucesso de algumas políticas públicas passa por comportamentos cívicos dos cidadãos e que devemos priorizar valores coletivos face a interesses e visões individuais”, argumentou.
Gestão eficiente de micromedição
Em outro espaço do evento, o coordenador do Setor de Micromedição e Pesquisa de Tecnologia da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento de Campinas (Senasa), Mauricio Garcia, apresentou os conceitos e as ações adotadas pela empresa para evitar perdas aparentes provocadas por submedição em hidrômetros. “O combate às perdas de água no sistema é necessário porque afeta a saúde financeira da empresa e gera desperdício de recursos hídricos”, explicou.
Texto: Kátia Ferreira
Fotos: Larry Silva