Compartilhar experiências, apontar os desafios e os melhores caminhos na gestão de pessoas nos serviços de saneamento básico. Esses foram alguns dos temas tratados durante o painel "Tendências e debates: recursos humanos nos serviços de saneamento básico”, que aconteceu na manhã de terça-feira (19), durante o 51° Congresso Nacional de Saneamento da Assemae.

O painel teve como coordenador o Presidente da Regional ES da Assemae e Presidente do Sanear de Colatina (ES), Sebastião Demuner e os palestrantes: Carlos  Alberto Bachiega, diretor do DAEP de Penápolis (SP); Leocácio Alves, Diretor Administrativo do DMAE de Uberlândia (MG); Maurício Kato Silva , Gerente Administrativo do DMAE  de Poços de Caldas (MG) e Cláudia Santos Fagundes, Diretora Administrativa  da DAE de Jundiaí (SP).

Durante sua apresentação, Bachiega relatou a experiência de Penápolis, apresentando o cenário do município em 2021. O diretor apontou as diretrizes consideradas pela autarquia, com destaque para o envolvimento da comunidade nas soluções dos problemas de limpeza e zeladoria urbana.

Prática de sucesso

Dentro da estruturação adotada na cidade, estão a Criação do Projeto Conceitual para utilização da ferramenta de Pagamento por Serviços Ambientais Urbanos, o PSAU;  Envolver a comunidade nas soluções dos problemas de limpeza e zeladoria urbana; Valoração ambiental do serviço de varrição, usando como parâmetro o custo da destinação final; Quantificação em metros de uma jornada de três horas de varrição; Definição das Unidades de Planejamento Ambiental – UPEAS, pelas características socioculturais dos bairros e definição do Marco Regulatório – lei municipal 2519/2021 e regulamentada pelo Decreto Municipal 6973/21.

Para colocar em prática as diretrizes, a autarquia de Penápolis criou o Programa Saneamento Ambiental Solidário (SOL), que tem como princípio o Pagamento por Serviços Ambientais Urbanos (PSAU) e o objetivo de universalizar o serviço de limpeza urbana de maneira sustentável economicamente, socialmente e ambientalmente.

O programa, segundo o diretor, é estruturado com 20 UPEAS, que contam com Comitê Gestor, onde os moradores da UPEA acompanham a qualidade da limpeza (trabalho voluntário). O Comitê funciona como um ponto de ligação entre autarquia e a comunidade, onde os membros selecionam os ‘provedores ambientais’, que são as pessoas que fazem o trabalho de varrição.

Resultados

Bachiega também apresentou os resultados do programa implementado na cidade, com a varrição de mais 90% das vias públicas, sendo executada três vezes por semana, 63 gestores e mais de 270 provedores. Além disso, segundo o diretor, as ruas e praças estão mais sadias, a comunidade se fez participativa e fortalecida e houve aumento da renda familiar, já que o programa oferece apoio financeiro pelos serviços prestados.

“Uma gestão como essa só é possível quando ela feita pelo município. Porque o município, seja ele uma autarquia, seja um serviço direto, entende o saneamento como uma política pública e resolve os seus problemas como uma política pública e não como um negócio, e eu acho que essa é a diferença e é por isso que a gente batalha”, destacou Bachiega.

Experiências e desafios

Também durante o painel, Leocádio Alves apresentou a estrutura do DMAE de Uberlândia, autarquia municipal fundada em 1967. Segundo o diretor administrativo, o DMAE de Uberlândia é responsável pela prestação dos serviços integrados de saneamento básico, captação, tratamento e abastecimento de água, coleta e tratamento do esgotamento sanitário, coleta e destinação de resíduos sólidos e drenagem pluvial, para uma população de 713.232 habitantes, segundo o IBGE 2023.

Alves compartilhou um pouco de suas experiências no setor de gestão de pessoas, apontando os desafios e dificuldades, a busca por uma boa relação entre servidor e autarquia, o perfil do servidor atual e as necessidades inerentes ao trabalho, sempre na busca permanente de talentos humanos para os serviços de saneamento básico.

 Maurício Kato destacou em sua fala que um dos grandes desafios da área de saneamento é encontrar os talentos nos grupos de pessoas, para que os colaboradores possam atuar dentro de suas afinidades, potencializando os resultados e a satisfação dos servidores.

Além disso, o gerente administrativo do DMAE de Poços de Caldas apontou algumas boas práticas implementadas, como o uso de tecnologias, tornando o sistema único e integrado, sendo esse um grande passo para melhorias dos processos. Kato também destacou a preocupação com planos de cargos e salários e a integração dos servidores, com ações e eventos regulares de CIPA e reuniões com a equipe de segurança.

A apresentação da diretora administrativa do DAE de Jundiaí teve como foco os principais desafios que a autarquia enfrenta atualmente, sendo estes relacionados às diferenças entre as legislações que regem os servidores, já que o departamento conta com servidores estatuários e celetistas.

Depois de todos os relatos dos palestrantes, a plateia teve oportunidade de tirar suas dúvidas e também compartilhar experiências.

Por fim, Sebastião Demuner apresentou as principais tendências de mudanças no ambiente de saneamento e seus impactos na gestão de pessoas, com cenários que envolvem tecnologia, inovação continuada, formação de liderança, novo marco regulatório e, claro, pessoas. Ele destacou a importância do setor e a necessidade de encarar o trabalho de acordo com as vivências individuais e as mudanças que ocorrem no mundo globalizado.

“Nós somos pessoas de liderança, pessoas que pensam saneamento e é um momento de refletir, estamos em um momento pós pandemia, o mundo mudou e precisamos conviver com isso. Então, no caso de gestão de pessoas, eu acho que cada caso é um caso, precisamos analisar, conversar e tomar decisões. Não são problemas, são dilemas da sociedade contemporânea que nós, enquanto líderes, estamos ali para resolver, lidamos com pessoas, procuramos solucionar e entregar o melhor serviço para população,” finalizou.