A 52ª edição do Congresso Nacional de Saneamento da Assemae (Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento) proporcionou ao público uma verdadeira imersão em conteúdos relevantes do setor, entre eles, os desafios, perspectivas e investimentos para a universalização do saneamento nas áreas rurais, periféricas e subnormais, que foi objeto de análise na 12ª mesa redonda do evento.
Os convidados foram Alexandre Motta, presidente da Funasa (Fundação Nacional de Saúde); Antônio Miranda, consultor da Aesbe (Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento); Marcondes Ribeiro Lima, diretor-presidente do Instituto SISAR (Sistema Integrado de Saneamento Rural); e Paulo Sérgio Scalize, professor e pesquisador da UFG (Universidade Federal de Goiás).
A abertura ficou por conta de Antônio Miranda, que abordou o saneamento rural. O consultor fez uma reflexão sobre a acessibilidade econômica, destacando que as áreas mais carentes necessitam de mais assistência, entre outros aspectos. Após Miranda, Paulo Sérgio Scalize subiu ao palco e falou sobre o desenvolvimento de pesquisas acerca das condições de saúde e segurança do saneamento em comunidades rurais tradicionais.
Paulo fez um balanço dos 43 diagnósticos técnicos dos municípios integrantes do projeto SanRural (Saneamento e Saúde Ambiental Rural) e dos 115 diagnósticos técnicos participativos de comunidades rurais do estado de Goiás. Ele ainda anunciou que dois cursos de autoinstrução sobre saúde e plano de segurança serão lançados em breve. O pesquisador mostrou as devolutivas aos municípios e comunidades, afirmando: "no final de 2023, foram realizadas reuniões nos 43 municípios para a entrega, explicação e esclarecimentos dos produtos SanRural”.
Na sequência, foi a vez de Marcondes Ribeiro Lima, que apresentou a situação do Ceará no saneamento rural. O diretor-presidente do SISAR explicou como funciona essa federação de associações comunitárias rurais, que possuem sistemas de água/esgoto para fazer a gestão compartilhada com suas filiadas. Marcondes refletiu sobre a profunda desigualdade existente no acesso aos serviços básicos de saneamento. “Temos várias comunidades sem banheiro, uma realidade que afeta o Ceará, e o SISAR tende a resgatar a cidadania”, frisou o diretor. O objetivo do SISAR é garantir a melhoria da qualidade de vida da população rural, assegurando a prestação de serviços. Para encerrar, Marcondes ressaltou que 49% da população rural do estado do Ceará é atendida pelo SISAR.
O presidente da Funasa, Alexandre Motta, foi o último a se apresentar, e fez uma reflexão sobre o SISAR, complementando a fala de Marcondes: “As pessoas transformam a realidade. Todos os desafios do passado, presente e futuro que temos que enfrentar só serão possíveis com as pessoas. Quando você fala da formação de líderes, o SISAR não é um investimento apenas em saneamento, é um investimento em transformação humana”, desabafou.
O PNSR (Programa Nacional de Saneamento Rural) tem como principal referência a Política Federal de Saneamento Básico. "Ele é resultado de um esforço coletivo que envolve a articulação de instituições ligadas às três esferas de governo e à sociedade civil organizada, as quais devem ter capacidade para atuar com base nos objetivos e instrumentos da política de saneamento rural", acrescentou.